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Entretenimento - 1 de novembro de 2013

“Cinema brasileiro tem medo de terror”, diz diretor de filme trash

 

Reúna alguns tipos estranhos, zumbis gosmentos, baiacus-sereias e peixes-monstros de todos os tipos. Tempere tudo com 1.500 litros de sangue falso, do tipo mais barato, jogado em um elenco de aproximadamente 70 pessoas. Por fim, misture uma enorme quantidade de cabeças decepadas de dar inveja à Quentin Tarantino. É essa a receita de “Mar Negro”, filme de horror trash que abriu esta semana a 20ª edição do Festival de Cinema de Vitória (ES), no melhor estilo Halloween. O público que lotou a sala foi ao delírio.

Produção independente de baixo orçamento –R$ 270 mil–, “Mar Negro” teve que recorrer a generosas doses de criatividade e improviso. E parece que deu certo. O longa horripilante de Rodrigo Aragão está driblando obstáculos e conquistando um espaço relevante. Para a alegria dos fãs do gênero, o filme estreia dia 27 de dezembro em 20 salas de cinema do país.

Depois da festejada exibição no Festival de Vitória –pela primeira vez uma produção capixaba participa da mostra competitiva de longas–, o filme e o diretor chegam para o Festival Mórbido, evento de cinema fantástico e de terror que acontece todos os anos em paralelo à animada e tradicional celebração do dia dos mortos no México, o Dia de Los Muertos. O sucesso de “Mar Negro”, segundo o diretor, tem outro ingrediente imprescindível: a paixão. Responsável pelo crescimento do gênero no país, uma legião cada vez maior cultua os filmes de terror. E o filme de Aragão é uma amostra disso. Mais da metade do elenco é composta por fãs arrebanhados pelo cineasta durante os eventos pelos quais passou com seus outros dois filmes, “Mangue Negro” (2008) e “A Noite do Chupa-Cabra” (2011).

E o circuito dedicado ao tema também está crescendo. Atualmente já são cerca de dez festivais voltados ao cinema fantástico e de horror. Segundo ele, muita gente que ele encontrou nesses eventos insistiu para ser parte da produção –em alguns casos, bancando despesas até do próprio bolso. Aragão teve ainda que abrir espaço para duas participações estrangeiras: Ernesto Valverde, da Costa Rica, e o cineasta mexicano Oso Tapia, que, além de pagar a própria viagem, topou trabalhar de graça. Mas com uma condição insólita: seu personagem teria que cortar muitas cabeças. “Tivemos que atender o pedido dele”, brincou Aragão .

Com fãs fanáticos e diretores apaixonados, por que a produção de filmes nacionais de terror não decola? “Cinema brasileiro tem medo de filme de terror”, respondeu Aragão. Para ele, o avanço é lento porque o terror é um gênero difícil de ser feito. “Fãs podem até relevar problemas técnicos como iluminação e som, mas o tempo e o controle da emoção da plateia têm que ser perfeitos. Por isso, algumas empresas correm desse gênero”.

Apesar disso, o diretor de “Mar Negro” anda esperançoso e acredita num possível boom do terror no país, por conta do volume de curtas produzidos. “Esse ano foram mais de 40”, disse. O otimismo de Aragão está ancorado ainda no avanço da tecnologia. “Equipamentos estão mais baratos, fãs tem mais acesso, e isso permite verem o que está sendo feito e como está sendo feito, o que produz, consequentemente, o despertar da curiosidade pelo cinema”.

O cenário é bem diferente de anos atrás, quando ele começou. “Eu não tinha acesso nenhum às formas de como fabricar bonecos e criar efeitos através da maquiagem. Tive que revirar um bocado e inventar muita coisa, por isso mesmo dou oficinas de efeitos especiais há 18 anos, com a intenção de dividir conhecimentos e experiências com a galera que está começando”.

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