Mucuri: “Picadão da Bahia”, a faixa de Gaza nordestina.
“Sorria, você está na Bahia” assim são recebidos todos aqueles que pela BR 101 adentram o nordeste na divisa Bahia com o Espírito santo, frase típica que vende a imagem de um povo feliz, festeiro e hospitaleiro para o Brasil e para o mundo, o que não se sabe é que bem ali, a pouco mais de 5 km instala-se um bolsão de miséria, perigosos marginais, aproveitadores da ingenuidade de um povo e os abandonados que mais sofrem pelo calote social da Suzano. Bem vindos à faixa de Gaza nordestina!
O que seria o caminho para uma das mais belas praias deste país, as praias que formam o balneário de costa dourada, município de mucuri, o “picadão da Bahia” como é conhecido vai promovendo ao longo das suas estradas cheias de irregularidades provocadas pelas carretas que transportam as toras de eucalipto em um verdadeiro campo de concentração, com indivíduos deixados à própria sorte para no que ainda lhes restam de fôlego e dignidade buscarem por um pouco de alimento.
Sujeitos a tudo e reféns de tantos outros, assim é a rotina de quem vive naquele fragmento de território, expostos quase que sempre a abusos de marginais que os recrutam para esconder armas, drogas e mais um tanto de outros pertences ilegais em troca do que comer e de poder viver. Nossa equipe de reportagem esteve com algumas dessas pessoas, que relataram com dor e frieza a angustia do seu sofrimento, e foi com essa angustia e frieza que quando questionado sobre uma filha de corpo formado mais com olhar de menina e com idade não revelada que supostamente fazia programas, nos foi dada a resposta, “ou é isso ou agente não come”.
Outro mal, resquício da época em que o carvão já era proibido mais não era ali ilegal, o crack continua a fazer misérias. Neste tempo o povoado de Cruzelandia (o mesmo que a população se revoltou contra as mazelas promovidas pela Suzano) chegou a ter proporcionalmente o maior consumo de crack na região. Como não tinham dinheiro para comprar o que comer, os trabalhadores do carvão alimentavam-se do vício do crack para enganar a falta de alimento para o corpo, trabalhavam para alimentar o vício, e em muitas das vezes suas filhas se prostituiam para pagar as dívidas do pai.
Essa é uma realidade que faz daquela região um lugar único, precisado de tudo e quase sem esperança alguma, um povo forjado no calor do instinto de sobrevivência a imagem e semelhança dos oportunistas políticos, dos bem articulados bandidos de colarinho branco, ou dos impiedosos e tiranos traficantes. Assim o “picadão da Bahia” vai sendo rotulado de “terra de ninguém”, seu povo rotulado de bandido ou ladrão, em uma das maiores segregações sociais deste país.
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