Itabatan: “nós escolhemos o campo” jovens da escola família agrícola de Vinhático falam da nova modalidade de êxodo, o “urbano”
A Escola Família Agrícola de Vinhático no Norte do Espírito Santo (EFAV) há 25 anos utiliza a Pedagogia da Alternância, método criado na França em 1935, para solucionar dois problemas, relacionados às questões do ensino regular direcionado para as atividades urbanas, que levava os adolescentes campesinos a repudiar a terra, e também à necessidade de fazer chegar ao campo o desenvolvimento tecnológico. A prática da Pedagogia da Alternância proporciona esses jovens receberem em duas semanas conhecimentos gerais e técnicos voltados para a realidade agrícola, e duas semanas nas propriedades rurais da região, onde exerciam a prática dos conhecimentos recebidos. A Pedagogia da Alternância chegou na década de 1960, no Brasil. Atualmente estão disseminadas nos estados do norte ao sul do país.
Cerca de 15 jovens do município de Mucuri estão fazendo o curso técnico em agropecuária na escola família agrícola de Vinhático, oito deles são moradores de Itabatan e exemplificam uma nova tendência de êxodo, conhecido como êxodo urbano, movimento que está não só fixando o jovem rural no campo mas também levando o jovem da cidade para o meio rural. Anna Karolina, Weslei, Maria Eduarda e Ranieli são quatro desses jovens que representam bem essa nova tendência metodológica, para eles os desafios e obstáculos dessa escolha nem de longe se comparam as experiências pelas quais têm passado e as vivências nas quais estão sendo submetidos “ para além do conhecimento adquirido a interação campo e cidade, o componente familiar integrado e a doação por inteiro dos envolvidos tem nos despertado para construir o mundo melhor que queremos” falou a jovem Ranieli, a mais experiente desse grupo já em seu último ano na escola.
O êxodo urbano tem sido uma grande crescente na última década, milhares de jovens estão deixando a cidade e seus engôdos utópicos e partindo para acreditar o campo e em suas oportunidades, porém um detalhe a ser observado é que esses jovens não são em sua maioria jovens que deixaram o campo e agora estão retornando, são jovens da cidade que estão vendo no campo a nova “meca” das oportunidades, “Minha visão sobre este aspecto é que como seres humanos, não valorizamos as riquezas que temos, não enxergamos os valores que temos, nossos jovens do campo tem procurado uma melhoria de vida em um engano de ideologia pensando que na cidade terão as grandes realizações das suas vidas, a maior oportunidade de um jovem agricultor está no meio em que ele vive trabalhando com o que sabe e se especializando” explica Anna Carolina, quem observa essa fala pode não se dar conta de que se trata de uma jovem urbana de 17 anos que escolheu as experiências do campo como carreira profissional.
As dificuldades em produzir algo atrativo para a manutenção do jovem rural no campo tem sido um dos grandes desafios dos pensadores que buscam meios em fazer essa fixação, não é o bastante só uma boa metodologia de ensino é preciso mais, avançar em tecnologias e acessos a essas tecnologias, fomentar créditos e viabilizar o acesso desses jovens ao crédito, todas essas demandas vêm sendo discutidas cotidianamente por esses jovens desbravadores. Para Wesley, um dos mais novos da turma, é preciso avançar, falta muito ainda para atingir um nível satisfatório de excelência “não vejo muita prática em manter o jovem rural no campo, falta estímulo, talvez possamos estar fazendo parte de um novo momento da história, ou não, só sendo mais uma peça involuntária no já fadado discurso contra os grandes latifundiários”.
Para Maria Eduarda o mercado favorece, os incentivos favorecem, as demandas favorecem, mas as oportunidades ofertadas na região ainda não são para os filhos dessa região, para ela falta oportunidade também de inserção no mercado de trabalho que é amplo, contempla ainda uma grande parcela geográfica da região que abrange o Norte do Espírito Santo, Nordeste de Minas Gerais e Sul da Bahia. Nas falas da Maria Eduarda “por falta de oportunidades nossos jovens estão partindo para outras regiões más nossa região não fica desassistida, então alguém está ocupando esses espaços, se não somos nós quem são? Não queremos os espaços dos outros, queremos os nossos espaços, é por isso que acredito que dará certo, vai chegar a hora que terão de dar outras desculpas pois falta de profissional não será”. E Wesley finalizo dizendo uma célebre frase da agricultura familiar “se o homem do campo não planta o da cidade não janta”.
Noticia10
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